Contagem regressiva para acabar 2020.
Três dias para a virada. Penso no cansaço do que vivemos em 2020 e espreito o que o novo ano trará de esperança.
Acho que 2020 também está cansado. Exausto como um moribundo de muito sofrimento e pouca esperança.
Mas quero acalantar em minha lembrança esse ano pandêmico, quero consolar-me de viver nesse país que além de enfrentar os desafios sanitários, ainda está sob tutela tão negligente e muitas vezes desvairada.
Então, reafirmo que apesar do que foi difícil, eu acalanto e consolo 2020 e digo-lhe: vai tempo, segue seu caminho, afinal você não tem culpa se infectamos suas horas.
Ficaremos bem, pois ainda existem as crianças, as boas almas e os que enxergam quando todos perdemos a visão. Ainda temos salvação, pois por boa sorte, ainda contamos com as pessoas que plantam; as que curam; as que limpam; as que salvam as florestas e os bichos incendiados pela ganância.
Ainda bem que nos restam ainda, para nossa fortuna, as pessoas que ensinam e as que rezam sem apego a diferença de religiões, mas com o tempero da fé que abraça, acolhe e respeita.
Ainda bem que ainda existem os artistas que criam sonhos para sonharmos acordados e há, sobretudo, os poetas que não deixam a beleza morrer. Sim, 2020, você pode ficar ainda o que lhe resta de reinado.
Agradeceremos o presente de 365 dias e procuraremos aprender de suas lições.
Mas, depois segue, respira e deixa 2021 com a ousadia, a coragem e a boa fé próprias dos jovens e o discernimento da velhice. Deixa 2021 chegar e, principalmente, deixa-o ser um tempo de oxigênio e bondade.