Um dia eu era criança e o meu olhar trazia a espreita de encantos.
E tudo o que eu via era arte e assombro: a chuva caindo como riscos de céu, o entardecer que prometia muitos dias brincantes e a noite que descia sobre mim como magia de estrelas.
E só havia o medo das sombras mas, de repente, meu pai movia as mãos contra a parede e o escuro virava coelhos, cisnes ou uma moça saltitante até que eu só tivesse gargalhadas no adormecer.
Um dia eu era criança e tudo era possível na ponta dos meus lápis de colorir: uma casa feliz com chaminé fumegando delícias; um jardim onde havia sol; pessoas de mãos dadas em eterna ciranda e um portão aberto para horizontes azuis.
Um dia eu era criança e ela trazia uma luz que até hoje ilumina minha vontade de amanhecer.
Lidú, que belo poema! Eu que vivenciei minha infância com você, percebo quanta veracidade há no seu relato tão poético. É sempre um prazer e uma descoberta ler teus poemas e ensaios. Obrigada! Beijo!