
Roda o pião do tempo. O ano vai terminar. Começam as inquietações quanto às promessas do feitas no ano que passou.
Quando firmamos a lista de desejos, queremos acertar o passo, corrigir visões, redefinir hábitos para conquistar o que almejamos: serenidade, êxito e bons relacionamentos.
As promessas anuais, portanto, não retratam apenas uma porção de desejos.
Elas são um ritual benéfico. São projeções de nós. Espelham a forma como nos movemos para o futuro. Mas, não é frutífero fazer promessas como autoengano, pois são as ações que materializam os sonhos. Seja a criança que brinca, o filosofo em reflexão, a pessoa comum na sua rotina ou o artista em processo criativo, todos construímos futuro realizando ações.
Pensemos em um menino brincando de pião. O garoto olha o brinquedo. Busca compreender a sua lógica. Ele deseja por o brinquedo em movimento e equilíbrio, como queremos fazer com a própria vida. Mas ele sabe que não basta encantar-se. Para por o objeto em movimento estável é preciso agir. Então, firma o dedo indicador no pino e os demais dedos prendem o cordão em volta do pião. É a soma do encantamento com o desejo e a ação que realizam a mágica da realização.
Toda realização pede foco, envolvimento e coerência. A imagem do menino que põe o pião em movimento encarna essa metáfora. O brinquedo, o menino e o objetivo estão em profunda sincronia.
A fusão íntima entre desejo, compreensão e ação é o movimento que imprime estabilidade ao giro do pião da existência.
O tempo, tal qual um pião, gira silencioso e fixo. É preciso assumir o controle da existência pela sábia utilização do tempo e tal qual menino extasiado com o brinquedo rodopiante, entranhar a alma da alegria vendo a vida girar no compasso pretendido.
Você pode dizer: ‘é, mas a vida não está fácil!’. Ou pode se inspirar no que nos disse Thomas Carlyle, um destacado comentarista social, do século XIX: “Os tempos estão ruins. Muito bem, você está aí para fazê-los melhorar.’

” … as ações é que dão materialidade ao que somos..”
LIdu, que texto oportuno… Quão feliz é a metáfora que você construiu entre a tarefa na arte de rodar o pião e a tarefa nossa do dia a dia, de nos realizarmos, sermos e fazermos o outro feliz e de como essa tarefa é importante, e mais importante ainda se pensarmos que a nossa vontade precisa ser maior que a do pião, pois ele mesmo também tem vontade própria.
Lembrei de uns versos meus, bem antigos, em que o pião também foi a minha, digamos, “alegoria”?, eles dizem assim:
…. E antes que a gente esqueça que o mundo é um pião,
que desde o primeiro dia pode nos escapar da mão,
lembremos de um detalhe
( quase que despercebido),
que Jesus com um gemido de última respiração,
reconheceu que sua vida não era sua, era Dele,
numa grande aceitação
de que a vontade de Deus é a que tem no pião.
Beijo e muito obrigada pelo presente do texto.
Jovina
Jovina,
Seus versos são tão perfeitos, ver seus poemas materializados em livros que todos possamos nos deleitar é um de meus maiores desejos. Beijo e toda poesia da felicidade pra você.